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 Energia e crescimento

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PostSubject: Energia e crescimento   Energia e crescimento Icon_minitimeThu Oct 25, 2007 9:40 pm

Energia e crescimento

por Delfim Netto


O Brasil é privilegiado. Precisa apenas evitar que o espírito animal do empresariado volte a adormecer

Delfim Netto


O processo de desenvolvimento econômico é uma combinação da
termodinâmica e da economia: organiza e captura a energia disponível no meio
ambiente e a dissipa no processo produtivo. Isso começou no início dos tempos,
quando o homem encontrava a subsistência naturalmente nos produtos em que a
própria natureza transforma a energia solar. E é assim até hoje. A diferença é
que o conhecimento melhorou a eficiência da captura de energia e economizou na
dissipação.

A vinculação estreita entre os dois fatos (consumo de
energia e PIB) pode ser apreciada no gráfico, no qual a energia per capita
consumida é a soma de toda a energia (hidráulica, eólica, biomassa etc.),
convertida em toneladas equivalentes de petróleo (TEP), utilizadas pelos habitantes
de vários países em 2004. As estimativas das duas variáveis (o consumo de
energia e o cálculo do PIB em paridade do poder de compra, para reduzir o
efeito das taxas de câmbio) estão sujeitas a chuvas e trovoadas, ou seja, a
erros importantes.



Parece claro, entretanto, a ligação entre elas. Os números
sugerem que, na média, quando o PIB per capita cresce 1%, o consumo de energia
aumenta entre 0,66% e 1,1%. Apenas com a informação do PIB per capita, pode-se
explicar cerca de dois terços da variação do consumo de energia. O outro terço
exigiria, ao menos, a especificação das fontes e a disponibilidade de energia
do país (hidráulica, eólica, fóssil, atômica, biomassa etc.), o conhecimento da
densidade da população (habitantes por quilômetro quadrado), a natureza do
clima e o nível de tributação ou subsídio aplicado ao consumo da energia.



Para crescer, o país que não tem a capacidade de produzir a
energia para alimentar a força de trabalho e a energia externa para mover suas
máquinas tem de encontrar uma forma de comprá-las no enorme shopping que é o
mercado internacional, onde o mais sofisticado produto pode ser trocado pela
mais despretensiosa sandália de rami. Mas, para comprar (mesmo com
financiamento externo), o país tem de ter a capacidade de pagar. Ou seja,
precisa importar, o que depende de duas variáveis: do volume físico da
exportação e do preço relativo da exportação, medido em termos do preço da
importação, a chamada relação de troca.





O fator limitante final do crescimento (não a causa, mas o
que limita a taxa de crescimento) é a capacidade de importar, que inclui fazer
frente aos dispêndios com a importação da energia, quando ela não pode ser
produzida internamente. Em 40 anos, de 1963 a 2002, o crescimento econômico do Brasil
foi interrompido cinco vezes pela deficiência de nossa capacidade de importar:
1963, 1981, 1989, 1998 e 2002.
A primeira, pela política cambial do governo apoiada na
velha teoria cepalina de que o crescimento das exportações não respondia à taxa
cambial. A segunda, pela crise mundial produzida pelo rápido aumento dos preços
do petróleo. A terceira, pelo desaparecimento do crédito externo depois do
default de 1987. E a quarta e a quinta, por uma desastrosa política cambial
(1995/1998).


O Brasil está hoje numa situação particularmente favorável.
Atingimos, praticamente, a auto-suficiência na produção de petróleo e
desenvolvemos uma tecnologia para a produção do etanol e do biodiesel. Trata-se
de mudança estrutural definitiva que ajudará o País a se libertar, a longo
prazo, da restrição energética. De outro lado, graças à expansão da economia
mundial, nossa capacidade de importar cresceu dramaticamente, apoiada nas
exportações de produtos agrícolas e minerais, o que nos liberou da
vulnerabilidade externa.



Precisamos, agora, dar atenção ao suprimento de energia a
curto prazo (até pelo menos 2014), para não inibir o recentemente despertado
espírito animal dos nossos empresários, que nos porá no caminho do
desenvolvimento robusto, com equilíbrio interno e externo e um pouco mais de
justiça social.
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