12/08/2007 - 19h55
Fed vigia funcionamento de mercados financeiros nos EUA
JORGE BAÑALES
da Efe, em Washington
No começo de uma semana na qual serão divulgados vários indicadores econômicos, a atenção dos investidores estará voltada para as medidas a serem tomadas pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) em relação à liquidez dos mercados financeiros nos Estados Unidos.
O governo americano informará sobre as vendas no varejo em julho, um indicador do ânimo dos consumidores após vários meses de crescente preocupação pelo desastre do setor imobiliário e das hipotecas de alto risco.
Na terça-feira (14) é esperado o relatório sobre o PPI (índice de preços no atacado, na sigla em inglês) referente a julho. Em junho, o PPI teve queda de 0,2% e para julho os analistas calculam que tenha registrado um aumento de 0,2%.
O núcleo da inflação no índice --que exclui os preços de alimentos e combustíveis-- que tinha sido de 0,3% em junho, pode ter se atenuado para 0,1% ou 0,2%, segundo os analistas.
No mesmo dia o governo informará sobre a balança comercial em junho. A maioria dos analistas acha que o déficit no comércio exterior de bens e serviços, que em maio foi de US$ 60 bilhões, aumentou em junho para US$ 61 bilhões.
Na quarta-feira será divulgado o relatório sobre o CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês), indicador mais amplo da inflação, e a previsão é de que o aumento será de 0,2% --tanto no índice geral como no núcleo da inflação-- pelo terceiro mês consecutivo.
Caso tais expectativas se confirmem, os dados do PPI e do CPI apontam para uma inflação moderada, correspondente aos apelos de muitos investidores por um corte na taxa de juros.
Na semana passada em sua reunião regular, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês), do Fed, não modificou a política monetária, mantendo a taxa básica de juros da economia em 5,25%.
O presidente do órgão, Ben Bernanke, e seus colegas perceberam a turbulência que no dia 7 agitou os mercados, mas continuaram firmes na política antiinflacionária.
No dia 10 de agosto, a turbulência passava a ser tempestade, quando os investidores globais começaram a se desfazer dos títulos americanos respaldados por hipotecas.
Em conjunto, o Federal Reserve e os bancos centrais da Austrália, Canadá, Europa e Japão injetaram US$ 136 bilhões nos mercados financeiros para evitar uma crise global de confiança.
O Fed liberou US$ 38 bilhões de maneira temporária para "facilitar o funcionamento ordenado dos mercados financeiros".
Foi uma ação sem precedentes desde o caos que atingiu os mercados financeiros após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A autoridade monetária assinalou que "fornecerá as reservas que forem necessárias mediante operações do mercado aberto para promover a transação no mercado de fundos federais".
O ex-governador do sistema do Federal Reserve Lawrence Meyer disse em entrevista a "Public Broadcasting System" que "o órgão se mantém alerta e, se for necessário, colocará mais dinheiro em circulação no sistema".
Na sexta-feira (10), segundo Meyer, "o Fed atingiu esse objetivo e disse que atuará como achar suficiente para manter os fundos na taxa de juros [de 5,25%]", acrescentando que "provavelmente a situação não foi superada".
"Estamos em uma situação muito fluida. O Fed manterá a vigilância e está disposto a atuar de maneira agressiva", ressaltou.