Empresas
Pão de Açúcar vai converter lojas para bandeira Assai
Valéria Serpa Leite
Da Gazeta Mercantil
"O formato supermercado não está nem em queda, nem com os dias contados. O
problema é que tem muita gente nele e começa a faltar consumidor", justifica-se
o empresário Abilio Diniz, proprietário do Grupo Pão de Açúcar, durante a
divulgação da compra da rede de atacado Assai.
A partir de meados do próximo mês o Pão de Açúcar promete anunciar um plano
de conversão, referente a 2008, de algumas de suas lojas para a bandeira Assai.
Ainda este ano, a rede de atacado vai dar nome a duas unidades do grupo. "Vamos
manter tudo o que existe e vamos aumentar o negócio transformando algumas de
nossas lojas", diz o diretor presidente do grupo, Cássio Casseb.
Por R$ 208 milhões, o grupo comprou 60% de participação na empresa de Rodolfo
Nagai, que permanece na gestão do negócio. Com 33 anos de atividade e 14 lojas
localizadas em São Paulo, a atacadista registrou faturamento de R$ 1,15 bilhão
nos últimos 12 meses.
De acordo com o diretor-executivo administrativo-financeiro do grupo, Enéas
Pestana, cerca de R$ 150 milhões do total da negociação virá de financiamento
obtido pela companhia a ser pago em um prazo de três anos. O restante sairá do
caixa da empresa.
Casseb afirma que o Pão de Açúcar há tempos vinha interessada no modelo
atacarejo - baseado em alto volume de venda e baixo custo de operação - e estava
disposto a entrar no segmento até mesmo sozinho.
Mas o modelo de gestão do Assai impressionou. Há cerca de cinco anos, o Pão
de Açúcar se desfez de uma loja O Barateiro localizada na avenida Francisco
Morato, em São Paulo. O faturamento de R$ 1 milhão por mês não era considerado
satisfatório. "O Assai assumiu aquele ponto e, hoje, vende cerca de R$ 10
milhões por mês lá", afirma Diniz. "Às vezes um formato funciona melhor em um
local do que em outro. A idéia da transformação das lojas é seguir esse
conceito", completa Casseb.
Se a gestão da rede Assai atraiu Diniz, Nagai viu na sociedade a
possibilidade de ver sua marca crescer: "Sozinhos, teríamos condições de abrir
três a quatro lojas por ano. Agora, podemos abrir 10, 15."
A conversão vai começar por São Paulo e, aos poucos, a marca será introduzida
em outros mercados. O objetivo é tocar o negócio junto com Nagai. Mas, a partir
do quinto ano de aniversário da negociação, ou seja 2012, o Pão de Açúcar pode
exercer opção de compra dos 40% do Assai, hoje em poder de Nagai.
Para entrar no negócio o cálculo foi feito com base em 30% do valor das
vendas brutas (R$ 345 milhões). Para a exercer a opção de compra as condições
são parecidas: sete vezes o Ebitda do Assai, ou 30% das vendas brutas, desde que
a margem Ebitda seja superior a 4,625% - garantindo assim empenho na
continuidade da boa gestão do negócio.
Há algum tempo o Pão de Açúcar focou sua estratégia no crescimento orgânico,
mas com essa negociação quer lembrar que não deixou de lado a possibilidade de
crescer por meio de aquisições. "Não vamos comprar só para crescer em
participação de mercado, mas estávamos indo à guerra com menos armas que nossos
inimigos", diz Casseb. A concorrente francesa Carrefour, em abril comprou por R$
2,2 bilhões o Atacadão.
A compra, assim como algumas das últimas investidas do Pão de Açúcar, mostram
um movimento em direção a novos modelos de negócio. Há 15 dias, a companhia
anunciou a entrada no segmento de centrais de negócios com uma parceria com a
União Brasil Supermercados Associados. Antes disso, apostou no modelo de lojas
de conveniência com o lançamento da bandeira Extra Fácil. Hoje, com 20 unidades,
o conceito deve ter um plano agressivo de crescimento no próximo ano, segundo
Casseb.