Momento é histórico para investimentos, diz Meirelles Para presidente do BC, investidor externo aposta no País
Andréia Lago e Beatriz Abreu
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A perspectiva dos investidores internacionais para o Brasil passa por
um momento histórico, na avaliação do presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles. Ele participou ontem, em entrevista exclusiva, do
Agência Estado no Ar, programa que marca a estréia da Agência Estado na
programação da Rádio Eldorado.
Ouça a íntegra da entrevistaSegundo
Meirelles, houve uma mudança no sentimento dos investidores em relação
ao País nos últimos anos. "Nos primeiros momentos, existia grande
preocupação com a solvência." Na época, de acordo com o presidente do
BC, além das multinacionais com presença histórica no Brasil, o
interesse dos investidores era apenas em títulos do governo ou em
papéis privados no mercado de crédito.
Após participar das
reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington (EUA) na
semana passada, Meirelles avaliou que agora os estrangeiros concentram
as atenções nos investimentos em Bolsa e começam a se voltar aos
segmentos de private equity e venture capital - de empresas que ainda
não chegaram ao mercado de ações.
"Esse é um movimento da maior
importância, que mostra a aposta dos investidores no crescimento do
País, não apenas na solvência." Segundo o presidente do BC, o maior
desafio do País é produzir projetos suficientes para absorver com
sucesso essa demanda.
Questionado sobre a interrupção do ciclo
de queda dos juros diante do cenário positivo, Meirelles justificou que
o Comitê de Política Monetária (Copom) leva em conta não apenas o que
acontece agora, mas também a perspectiva futura. "Os diretores tomam
sempre as decisões que, no entender do Comitê, melhor atendem aos
interesses do País, como a continuação da inflação na meta e, em
conseqüência, uma maior possibilidade de crescimento."
Segundo
Meirelles, a melhora dos fundamentos da economia brasileira fortalece o
País contra crises externas. Ele avaliou que a redução na trajetória de
queda da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o
aumento das reservas internacionais e a inflação na meta deverão levar
o Brasil a obter o grau de investimento das agências de classificação
de risco. Porém, não prevê uma data para a elevação da nota.
Ainda
segundo Meirelles, o Brasil vem mostrando que é capaz de crescer a
taxas muito superiores. O presidente do BC considerou que o aumento do
potencial de crescimento e da redução do risco formam uma combinação
virtuosa. De acordo com ele, a expansão é baseada na demanda doméstica,
com componentes não só de consumo, como de investimento.
Apesar
de considerar o Brasil mais preparado para enfrentar turbulências
internacionais, Meirelles ponderou que é preciso avaliar os impactos da
crise financeira nos Estados Unidos.
FUNDO SOBERANOEm
relação à criação de um fundo soberano, Meirelles disse que os estudos
para ainda estão no início, mas "à primeira vista" o instrumento parece
útil e positivo para o País. A intenção do governo de constituir um
fundo com recursos das reservas internacionais do País foi anunciado
pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e vem criando polêmica no
mercado.
Segundo Meirelles, neste momento equipes do BC e da
Fazenda trabalham juntas no assunto. "O ministro optou por anunciar o
processo no início, com a minha concordância, para evitar vazamento e
rumores."
O presidente do BC disse que uma discussão mais
ampla somente poderá ser feita no momento em que estiverem definidas as
regras de governança e a estratégia de aplicação do fundo.